Texto - Manuel Flores
Outro projeto de máquina de votar foi o invento do fotógrafo gaúcho Manuel Flores, na década de 1930. Tendo tomado conhecimento da possibilidade levantada pelo Código Eleitoral, Flores dedicou cinco anos à construção de um protótipo da “máquina de votar”. Habitante da cidade de Itaqui, no Rio Grande do Sul, era um eleitor singular, e mesmo tendo que prover a subsistência de sua família – tinha dez filhos –, encontrou tempo e recursos para, entre outras façanhas, manter um cinema mudo na cidade e tornar-se pianista após reconstruir um instrumento destinado ao ferro-velho.
Manuel Flores conseguiu apresentar sua máquina a deputados gaúchos e membros do TRE-RS. O período, no entanto, era turbulento e apenas quatro dias após sua visita à Assembleia Legislativa gaúcha ocorreu o golpe do Estado Novo, que fechou a Justiça Eleitoral. O fotógrafo itaquiense recebeu a dura notícia de que, antes mesmo de ultrapassar a condição de protótipo, seu invento já se tornava obsoleto. A máquina de Manuel Flores acabaria perdida, anos depois, num incêndio em seu estúdio fotográfico.