O primeiro documento nomeado "título de eleitor" na história do Brasil surgiu em 1881, por meio do Decreto n° 3.029, de 1881, conhecido como Lei Saraiva, em homenagem a José Antônio Saraiva, presidente do Conselho de Ministros, que articulou a aprovação da reforma eleitoral no Parlamento.

Além de instaurar o título de eleitor no país, a Lei Saraiva instituiu o voto direto no país, sendo um marco no processo de diminuição do eleitorado que acompanharia os anos finais do Império e toda a República Velha (1889-1930). Esta diminuição ocorreu pela obrigatoriedade de alfabetização para o exercício do voto e pelas rigorosas exigências para comprovação de renda em um contexto de voto censitário - para votar e ser votado, o cidadão precisava comprovar diferentes níveis de renda.

Aqui, um exemplar deste modelo, que integra o acervo do Memorial da Justiça Eleitoral Ministro Teori Albino Zavascki. É o título eleitoral de Gaspar Machado da Silveira, registrado em 1882, no município de Uruguaiana-RS.

(Com informações do TSE e do TRE-MG)

O primeiro Código Eleitoral da República, promulgado como Decreto nº 21.076/1932, foi o pioneiro na exigência da imagem do eleitor. Um reflexo do progresso tecnológico, que passava a massificar o registro fotográfico. Também trouxe importantes avanços, como o voto feminino, a garantia do voto secreto e o sistema de representação proporcional para a eleição de vereadores, deputados estaduais e federais. A Justiça Eleitoral Brasileira foi outra das inovações do Código de 1932.

Ao lado, documento de Lettia Stainhoefel Toebe, de Jacuí-RS, ano de 1934, que integra o acervo do Memorial da Justiça Eleitoral Ministro Teori Albino Zavascki.

Conhecido como Lei Agamenon (Lei 7.586/1945), o Código Eleitoral de 1945 foi promulgado em 28 de maio. Depois de oito anos de ditadura do Estado Novo, a Justiça Eleitoral foi recriada e as eleições voltaram a ocorrer no Brasil. O novo modelo de título de eleitor vinha sem fotografia. 

Em apenas 148 dias, e seguindo o Código de 1945, a Justiça Eleitoral recadastrou mais de 7 milhões de eleitores e organizou as eleições no mês de dezembro. No pleito presidencial, foi eleito Eurico Gaspar Dutra. Depois de quase 10 anos de ditadura, a população brasileira pôde ir às urnas para escolher democraticamente seus representantes.

Ao lado, documento de Ruy La-Porta dos Santos, de Bagé-RS, ano de 1947, que integra o acervo do Memorial da Justiça Eleitoral Ministro Teori Albino Zavascki.

O título de eleitor criado em 1986 segue em vigor. Foi elaborado com base na Lei nº 7.444, de 20 de dezembro de 1985, que também regulamentou a revisão do eleitorado brasileiro e a implementação do processamento eletrônico de dados no alistamento dos cidadãos.

O documento voltou a ser confeccionado sem a fotografia dos eleitores.

O processo de recadastramento do eleitorado foi um dos marcos do movimento de redemocratização do Brasil após 21 anos de ditadura civil-militar. Com uma base depurada de dados eleitorais, a população brasileira elegeu, em 1986, governadores, senadores, deputados estaduais e os deputados federais constituintes que elaborariam a Constituição de 1988.

Em poucos meses, a Justiça Eleitoral recadastrou cerca de 70 milhões de eleitores.